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9 de maio de 2021

Duas mães e uma mesma realidade: o amor pela educação

Neste domingo (09), em que se comemora o Dia das Mães, Solange Costa e Aurilene Alves, como tantas outras mães, estão festejando a data, mas isso passa longe de ser o único elo de ligação entre as duas. Ambas são professoras da Rede Municipal de Educação de Timon e decidiram, por vocação e desafio, educar crianças e adultos como sonho de vida. Na pandemia, Solange foi, à cavalo, deixar atividades aos alunos na zona rural e Aurilene, que é tetraplégica, percebeu ao educar os próprios filhos que podia cursar Pedagogia e fazer muito mais pela educação.

Fazer a diferença e ultrapassar os próprios limites também faz parte diariamente da vida da Aurilene Alves. Aos 22 anos, após o primeiro filho completar nove meses, ficou tetraplégica. A mudança de vida foi imediata. Mas foi no esforço para garantir a educação do próprio filho, que percebeu que poderia educar como meta de vida.

“Acompanhei meu filho em todas as etapas até hoje. Vi cair, levantar, adoecer e chorar, mas percebi o quanto era valioso o poder de uma mãe. Pode parecer que não, mas é maior do que se pode imaginar. Eu tinha apenas os meus olhos e minha voz para educá-lo e também os cuidados de minha mãe”, explica.

Para ensinar as atividades da escola do filho, hoje com 24 anos e também educador, Aurilene Alves aprendeu a usar a boca para escrever. Através da alfabetização, em casa, do próprio filho e ajudando também outras crianças, foi que a professora vivenciou a importância da educação.

“Quando meu filho já estava terminando o fundamental maior eu me vi quase sem recursos intelectuais e conhecimento para ajudá-lo no ensino médio. Resolvi, então, fazer vestibular e fiz pedagogia. O tempo passou, fui me envolvendo e me apaixonei pelo curso. Sou professora e acredito na educação”.

Aurilene também se enxerga vitoriosa com a aprovação no concurso da Prefeitura de Timom, aos 40 anos, que a possibilitou torna-se professora efetiva na EMEF Cidade nova . Uma meta que conseguiu alcançar mesmo com todas as dores que teve no corpo, ao longo dos meses de prepação para prova, por passar muitas horas sentada.

“Era uma dúvida entre continuar como aposentada por invalidez ou voltar a rotina de trabalho. Decidi pelo concurso por necessidade. Pensei que seria digno trabalhar fazendo o que eu gosto e me sustentar. Foram quatro meses de preparação e foi bastante difícil porque eu ficava muito tempo sentada e isso provocava dores e inchaço. Mas continuei porque sei que posso ajudar meus alunos a também acreditar na educação”, conclui.

 

Ensinar como sinônimo de maternidade

Com pandemia da Covid-19, as escolas passaram a ofertar atividades não presenciais aos estudantes. Segundo a pesquisa “Educação não presencial”, realizada em 2020, 74% dos alunos estão recebendo as atividades para fazer em casa como uma forma de evitar o abandono escolar. E não deixar nenhum aluno para trás tem sido o estímulo da mãe e professora Solange Costa, gestora do EMEF Dona Sinhara, na zona rural de Timon.

“Dizer que é fácil lidar com o atendimento às famílias, em tempos de pandemia, não é, mas, desde 2020, seguimos nos reinventando. Conversamos com os professores, eles passaram a mandar as atividades e, após xerocar na escola, começamos a fazer entregas quinzenais. Fazíamos o possível para contemplar o máximo de alunos”, destaca a profissional que enxerga nos alunos um pouco dos dois filhos.

Mesmo com todos os esforços, a equipe escolar percebeu que, por conta da distância, não era possível contemplar todos os alunos, do ensino infantil ao Ensino de Jovens e Adultos (EJA), matriculados na escola. Foi quando Solange Costa, mesmo não sabendo andar a cavalo, pediu um emprestado ao vizinho e chegou às localidades mais extremas.

“Pensei ‘se eles não conseguem vir pegar suas atividades, tenho que ir até eles’. Como era inacessível de outra forma, pedi um cavalo e fui deixar eu mesma. Tinha muito medo de montar, mas a vontade que estes alunos também recebessem suas tarefas foi bem maior que o meu medo”, ressalta a professora, que continou entregando as atividades com o decorrer dos meses, mas conseguiu mudar o transporte: Solange agora vai de moto.

“Amo o que faço, concilio tudo direitinho e dá tempo para ser mãe, professora, esposa, gestora e também avó”, conta Solange, que já acumula mais de três décadas como profissional da rede de educação de Timon.

Transformar a vida dos alunos é o motor que move as duas professoras que exercem, na vida pessoal e profissional, o papel de mães; às vezes em casa e muitas vezes na sala de aula. Com propriedade, Aurilene afirma: “A educação sempre será a porta para a transformação, é o caminho que pode ajudar a realizar sonhos”.

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