“Seja-bem vindos”, disse dona Gil da Rocha ao ser comunicada sobre a visita na Residência Inclusiva, em Timon, onde mora há alguns anos. Neste 26 de julho, Dia dos Avós, uma ação ligada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SEMDES) reuniu idosos assistidos pela unidade e acolhidos do Lar da Criança. A atividade recreativa faz parte do planejamento de fortalecimento de vínculos sociais e afetivos, que são essenciais para pessoas em situação de abandono ou vulnerabilidade familiar.
Dona Gil da Rocha sofreu um derrame, após ignorar a necessidade do tratamento. A idosa é uma das 10 pessoas assistidas pela Residência Inclusiva, que oferta serviço de acolhimento institucional, no âmbito da Proteção Social Especial de Alta Complexidade do SUAS. O local é preparado para abrigar 10 pessoas entre 18 e 59 anos, com deficiência ou situação de dependência; com pouco ou nenhuma condição de sustento, além da ausência familiar.
A idosa é a única acolhida da “terceira idade” que possui algum contato com parentes. Dona Gil tem filho e netos, e de acordo com a técnica em enfermagem que atende na Residência Inclusiva, Gilsiana Bianca, embora haja esse contato, ele é remoto e de baixa frequência.
Atualmente, na casa de acolhimento há idosos com Parkinson, Alzheimer, deficiência visual, e os que convivem com as consequências do derrame. Sentado em uma mesa ao lado da garotada do Lar das Crianças, Seu Valter Alves, de 79 anos, aproveitou toda a manhã recreativa para comer doces.
Durante a conversa, ele respondeu com agilidade que a comida que mais gosta das festas “são todas elas”. O idoso é o acolhido mais antigo da Residência Inclusiva, ele sofre do mal de Parkinson, e não mantém nenhum vínculo com familiares.
São essas condições afetivas que mostram a importância de atividades interativas para os idosos que moram na unidade. Em razão da demanda no município, o local comporta atualmente idosos com quase 90 anos de idade, reforça o secretário da Semdes, Marcus Vinicius Cabral.
“Hoje, por ser o dia dos avós, a gente pensou nessa atividade de integração no sentido da socialização entre as gerações, fazer com que essas gerações possam estar se entrelaçando, criando vínculos. Até porque é uma outra unidade de acolhimento, só que para crianças, então é de unidade para unidade. Isso fortalece a convivência, a questão sentimental, a cognição deles”, afirma a coordenadora da Residência Inclusiva, Kledilza Mesquita.
A cuidadora do abrigo Lar da Criança corrobora com a importância desses momentos de aproximação social para públicos que mantêm pouco ou nenhum contato afetivo com a família.
“Eles [crianças] ficaram maravilhados, só em sair e saber que era para estar com idosos, com os ‘vovozinhos’ todos ficaram animados para vir”, lembrou a cuidadora, Rosa Fontes.
Pelo menos sete crianças residem atualmente no Lar da Criança, em Timon. Nesse dia dos Avós, assistentes sociais e enfermeiros promoveram o primeiro encontro entre essas duas gerações, que apesar da diferença de idade, possuem em algum grau, a mesma necessidade de visibilidade e atenção.